10 lições que todo gestor de academia deve conhecer
Os primeiros passos – Uma introdução as 10 lições
Aprendi que frequentar diversos “mundos” acaba convergindo de alguma forma para uma “caixa de ferramentas” rica que encontra soluções para praticamente tudo que se apresenta, isso somado a uma dose de resiliência e estratégia não existe obstáculo que não possa ser superado.
Desde os 6 anos de idade, muito cedo fui apresentada a ciência e a leitura, através de meu pai jornalista, culto e ligado ao mundo científico e tecnológico desde e década de 60 e de minha mãe concertista de Bach aos 6 anos de idade, amorosa e progressista que me criou para ganhar o mundo.
Como bailarina, um pouco precoce, aos 14 anos iniciei minha carreira profissional como professora de ballet clássico, formada pela Escola de Bailado do teatro municipal de sp. Nessa época começar a vida profissional cedo não era proibido, mas louvável…
Ali com minha melhor amiga fui convidada a montar uma academia de dança e comecei a aprender na prática o que era montar uma empresa de serviços, com meu irmão administrador de empresas ia aprendendo sobre gestão.
Estudei muito, comprei muitos livros de administração e economia, além das bases do exercício físico, cinesiologia e fisiologia, pois comecei a sentir a responsabilidade de lidar com as contas, faturamento e com o corpo de outras pessoas muito antes de ingressar na faculdade.
Quando entrei na faculdade tudo era muito mais simples para mim, já tinha devorado livros e não tinha dificuldades com as disciplinas que apavoravam a maioria dos meus colegas, comecei então como estagiária, professora, coordenadora, gerente e empresária quando montei minha 1ª empresa em 1988, depois de voltar do EUA ao representar o Brasil na 1ª versão do campeonato mundial de aeróbica.
Essa vivência em todos os níveis me proporcionou o aprender fazendo e me dá muita liberdade de agir e pensar nas dificuldades e oportunidades que todas as funções e modelos de negócio podem trazer.
São mais de 10 000 gestores impactados ao longo desta jornada de cursos, workshops e convenções atendendo academias de pequeno porte até as maiores redes do país comprovando que o investimento em pessoas e processos são os grandes ingredientes do sucesso para qualquer empresa.
Em 40 anos de Brasil e começando de trás para frente, pois aos 16 já era gestora de uma academia de dança, atravessamos crises econômicas, os altos e baixos da sazonalidade e as diversas “ondas” de produtos e tendências que a cada lançamento multiplicam-se os comentários do tipo: esse veio para ficar, agora este modelo de academia acaba de vez, nos EUA é assim por aqui vai dar certo, etc…
é perceptível também que apesar das “ondas” e “modismos“ investir no que é sólido, clássico e baseado em evidências sobrevive aos palpites importados” ou “plantados” por fabricantes de equipamentos, fabricantes de calçados ou qualquer outro tipo de “indústria” que fabrica estudos para “mover” os consumidores em direção ao seu objetivo principal, vender!
poucos se dão conta que muitas das “ondas” e “modismos” de consumo independente de qual segmento venha, escondem interesses comerciais e a indústria do fitness, não quebra esta regra.
Os aprendizados
O que vimos ao longo destes anos foi que independente da “onda” ou da “moda” as empresas que investiram no tripé clássico da administração empresarial pessoas, processos e resultados, conseguiram surfar em todas as ondas e se consolidaram criando suas marcas em cima de bases sólidas e duradouras.
Há quem pense que montar uma academia é algo muito fácil, recebemos muitos empreendedores com o “sonho” de pouco trabalho e muito lucro, além de não ter nunca mais que pagar uma academia… Quem não quer?
A realidade, porém, ensina que montar uma academia, seja de pequeno, médio ou grande porte, tem todos os processos, responsabilidades e dificuldades de uma empresa de serviços de qualquer natureza, com um diferencial: O cliente está consumindo seus serviços diariamente, o que deixa o desafio ainda muito maior que outros tipos de serviços onde o cliente vai uma vez ao mês, ou a cada 15 dias.
As academias de uma maneira geral são constituídas por sócios inexperientes em gestão, ex-professores, ex-alunos representam a grande maioria dos proprietários. tradicionalmente os cursos de educação física não educam para a gestão e os cursos de administração não abrangem as peculiaridades do segmento “fitness”.
há muito tempo percebemos esta lacuna de conhecimento nos cursos de graduação que estão mais relacionados a área da saúde, tais como a educação física, fisioterapia, nutrição, enfermagem, medicina etc. que direcionam a formação para executar sua área de formação como atividade fim.
Para aqueles que alçam voos mais altos, tentando empreender ou ocupar posições de liderança e funções gerenciais, falta suporte deixando um sentimento muitas vezes de incompetência pelo pouco preparo para as áreas de gestão.
Além disso os profissionais que atuam nesta área também não encontram com facilidade uma formação complementar especializada para estes segmentos e são obrigados a fazer uma peregrinação em busca de caminhos fundamentados ou optam por correr seus próprios riscos.
O grande salto
Quando falamos em “academia” ou “academia de ginástica” nos referimos a todos os estabelecimentos que oferecem serviços para a prática de exercícios físicos voltados a manutenção do corpo físico através de modalidades fitness ou wellness, que traduzindo para nosso idioma são as modalidades vendidas ao público em geral para a manutenção do “condicionamento físico” e “bem estar” normalmente representados pela musculação, aulas coletivas e esportes “indoor”, tais como, natação e esportes de quadra.
Estes estabelecimentos do tipo academias ocuparam uma lacuna de convívio social e de laser ativo, deixada pelos clubes que na sociedade contemporânea perderam público seja por má gestão, inviabilidade econômica, crescimento das cidades e dificuldades na mobilidade urbana ou em alguns casos todas as alternativas juntas.
Esta nova demanda está sendo gerada por pessoas que são “empurradas” pelos meios de comunicação que propagam as descobertas científicas e mostram que a adoção de hábitos saudáveis como a prática diária de exercícios físicos, acompanhados por alimentação balanceada e banimento do tabaco são a 1ª opção de tratamento não medicamentoso para a maior parte das DCNT´s (doenças crônicas não transmissíveis). As DCNT´s avançam de forma assustadora e estão diretamente relacionadas às epidemias de sedentarismo e obesidade, logo os exercícios físicos são uma boa parte da solução para a prevenção de doenças físicas e mentais, promovendo a tão perseguida longevidade com qualidade.
Consideramos “empurradas” porque sabemos que nosso DNA vem programado para a caça, alimentação de subsistência e repouso, herdados dos nossos antepassados do gênero homo. como a caça foi substituída pelo carro e prateleiras de supermercados, que nos oferecem muito mais do que alimentação de subsistência a ingesta de calorias se tornou infinitamente maior que o consumo, desequilibrando o balanço energético acarretando em sobrepeso e obesidade. A prática de exercícios físicos dirigidos em “academias” como necessidade, é um fenômeno recente na evolução humana e sabemos como é difícil atuar no estabelecimento de novos hábitos e de uma nova cultura.
Este novo público empurrado é justamente quem precisa de atenção diferenciada, porém são lançados no mesmo modelo daqueles que naturalmente já habitam as academias e são donos de corpos esculturais pertencentes às tribos de alta performance. Na outra tribo que não é de alta performance estão os donos dos corpos “normais” que chegam buscando práticas saudáveis, porém em paz com seu biótipo e se misturam também aos corpos “dismorfos” que fogem dos padrões saudáveis e por vezes tornam-se imóveis, pois perderam a funcionalidade por falta de uso e algumas vezes até “sem comando” que independente de estarem em “boa ou má forma” estão aprisionados em modelos mentais “adoecidos” gerando uma espécie de cinesiofobia (medo do movimento).
Este público “empurrado” chega até as academias, mas cerca de 50% de todos que entram nas academias acabam saindo e não necessariamente aderem a programas de exercícios. Os dados mostram que por alguns motivos (e são vários) a alta rotatividade, se dá pela falta de sensibilidade e capacitação dos próprios profissionais atenderem o aluno “não habitual” que tem dificuldade de entender, ter prazer e, portanto, se vincular ao novo hábito.
Frustra-se então o grande objetivo de tirar o indivíduo da condição de sedentário para ser um indivíduo treinado, ou minimamente ativo.
A diferenciação por meio da oferta de algo único viabiliza a prática de preços mais elevados e consequente obtenção de margens mais altas, visto que, devido à falta de alternativas comparáveis ou produtos e serviços substitutos, os consumidores se tornam menos sensíveis aos preços e mais leais à marca.
As 10 lições
A série de textos 10 LIÇÕES FUNDAMENTAIS PARA GESTORES DE ACADEMIAS, relata parte da experiência acumulada ao longo de 30 anos de consultoria em academias de ginástica de todos os portes, ao longo de 4 décadas de vivência em um mercado ainda jovem. Desta forma muito do que está escrito não é embasado cientificamente nem segue necessariamente a “ortodoxia” dos fundamentos da administração empresarial.
Nesta série daremos uma visão geral da administração empresarial, já aplicada ao segmento academias trazendo caminhos e ferramentas para os empreendedores investirem seus recursos com a competência necessária, na direção certa garantindo resultados através de uma boa execução.
Desde a construção ou revisão da visão e missão, ferramentas para aumentar a produtividade e engajamento das equipes, planejamento e exemplos de ações de sustentação para a garantia de uma boa execução vamos buscar através da união de teoria e prática um ótimo desempenho, neste que é um mercado em consolidação.
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